João Lavado, o mestre dos mestres • João Lavado, the master of masters

Nascido em 1905, João Marques de Oliveira, conhecido no mundo da cerâmica artística e da azulejaria aveirense por João Lavado, foi um dos grandes mestres de pintura das fábricas “Aleluia” e “Faianças de S. Roque”.

João Lavado April 1992

Em 1919, com apenas 14 anos de idade, João Lavado já estava na Fábrica Aleluia como aprendiz, nesse tempo a “escola artística” fazia-se com a experiência e o trabalho nas fábricas, aprendendo com os mestres. Apesar disso, não descurou o ensino formal, mesmo na área mais artística, frequentou a Escola Industrial Fernando Caldeira, onde teve por mestres grandes nomes das artes aveirenses: Silva Rocha, autor de inúmeros edifícios “Arte Nova” da cidade. Ensinou-lhe desenho, enquanto o escultor Romão Júnior foi seu mestre em modelação. Na pintura cerâmica teve como professor Gervásio Aleluia, um mestre pintor na Fábrica Aleluia. Mais tarde e ainda nessa escola, teve aulas de escultura com o escultor Andrade.

Born in 1905, João Marques de Oliveira, known in the world of artistic ceramics and tiles in Aveiro as João Lavado, was one of the great master painters at “Aleluia” and “Faianças de S. Roque” factories.

In 1919, with just 14 years old, João Lavado already worked at Fábrica Aleluia, as an apprentice. At that time the “artistic school” was based on experience and work in factories, learning from the masters. Despite this, he did not neglect formal education, even in the most artistic area,  he attended the Fernando Caldeira Industrial School, where he had great names in the arts of Aveiro as masters: Silva Rocha, author of numerous “Arte Nova” buildings in the city, taught him drawing , the sculptor Romão Júnior was his modeling master. In ceramic painting, he was taught by Gervásio Aleluia, a master painter at the Aleluia Factory. Later, and still at that school, he took sculpture classes with the sculptor Andrade.

Tigela torta – João Lavado


Na fábrica Aleluia, João Lavado foi aprendendo muito bem as diversas técnicas das artes cerâmicas e da azulejaria artística e, cerca de década e meia volvida, já era um dos mestres pintores, mas a sua subida na hierarquia artística prosseguiu, até atingir o topo. Acabaria por deixar a empresa no ano de 1945 para se aventurar num novo projeto, entrando para a Faianças de S. Roque. No seu lugar ficou Lourenço Limas, outro nome incontornável da azulejaria aveirense.
Enquanto esteve na fábrica “Aleluia”, João Lavado criou obras ímpares, tanto na azulejaria como na louça artística. Desta última, um dos seus expoentes máximos é o famoso jarrão “Cidade de Aveiro”, entre outras peças únicas, muitas das quais estão em coleções, incluindo no estrangeiro. Já na azulejaria, foi autor de painéis que revestem espaços públicos, tanto em Aveiro, como por exemplo no edifício dos Paços do Concelho e em diferentes locais, nomeadamente em estações dos caminhos-de-ferro.
João Lavado assumiu a presidência do Núcleo de Acção Cultural da fábrica Aleluia, que incluía um orfeão e um grupo de teatro. Neste último, também mostrou os seus dotes de actor, integrando o elenco da peça “O Primeiro Beijo”, baseada na obra de Júlio Dantas.

At the Aleluia factory, João Lavado learned very well the various techniques of ceramic arts and artistic tiles. About a decade and a half later, he was already one of the master painters but his rise in the artistic hierarchy continued until he reached the top. He would end up leaving the company in 1945 to venture into a new project, joining Faianças de S. Roque. In his place stayed Lourenço Limas, another unavoidable name in Aveiro tiles.

While he was at the “Aleluia” factory, João Lavado created unique works, both in terms of tiles and artistic tableware. Of the latter, one of its greatest exponents is the famous “Cidade de Aveiro” vase, among other unique pieces, many of them are in collections, including abroad. As for tiles, he was the author of panels that cover public spaces, both in Aveiro, for example in the Town Hall building, and in different places, namely in railway stations.

João Lavado assumed the presidency of the Nucleus of Cultural Action of Aleluia factory, which included an orphean and a theater group, where he showed his acting skills, joining the cast of the play “The First Kiss”, based on the work of Júlio Dantas.

Peixes – João Lavado


Responsável artístico das Faianças S. Roque
Em 1955, já como um dos sócios da Fábrica de Louças e Azulejos S. Roque, João Lavado faz surgir a “Faianças S. Roque”, uma unidade especializada em louças decorativas e artísticas que, devido à qualidade das suas peças, ganha grande reputação no país, estando também presente em coleções estrangeiras.
Na “Faianças S. Roque”, João Lavado chamou a si toda a responsabilidade artística, da concepção ao acabamento final, tanto na modelação como na pintura, incrementando a produção de peças únicas, a par de louças decorativas de elevada qualidade artística produzidas industrialmente.

Busto em faiança e vidrado acetinado
João Lavado

Muitas das peças mais relevantes entre 1945 e 1975 resultaram da imaginação e da inspiração artística de João Lavado, que também nunca deixou de aceitar os desafios que lhe eram colocados por pessoas que lhe encomendavam peças mais originais.
Em 1975, reformou-se, mantendo, no entanto, uma pequena oficina em casa, onde continuou a pintar faiança, que posteriormente era cozida em oficinas de artistas amigos.

Artistic manager of Faianças S. Roque

In 1955, already one of the partners of Fábrica de Louças e Azulejos S. Roque, João Lavado created “Faianças S. Roque”, a unit specialized in decorative and artistic tableware which, due to the quality of its pieces, gained a great reputation in the country and also in foreign collections.

At “Faianças S. Roque”, João Lavado took on all artistic responsibility, from design to final finishing, both in modeling and painting, increasing the production of unique pieces, along with decorative tableware of high artistic quality produced industrially. Many of the most relevant pieces between 1945 and 1975 resulted from the imagination and artistic inspiration of João Lavado, he never failed to accept the challenges posed by clients who ordered more original pieces.

In 1975 he retired, maintaining however, a small workshop at home, where he continued to paint earthenware, that were later fired in the workshops of artist friends.

Pescador de Aveiro – Técnica de pintura por espatulagem de tintas cerâmica
João Lavado

De aprendiz a mestre
Tanto no período em que esteve na “Aleluia”, como depois na “Faianças S. Roque”, João Lavado procurou aprender sempre, tentando conhecer o que de melhor e mais relevante se fazia em Portugal e também no estrangeiro. A par disso, contactava com os grandes mestres nacionais da cerâmica e da azulejaria, muitos dos quais admiravam a sua difícil técnica de pintar sobre chacota e de cozer as peças em forno de chama direta.
Se teve bons mestres, não só enquanto aprendiz na fábrica “Aleluia”, como também na escola, João Lavado foi também um mestre para muitos dos pintores que, anos mais tarde, alcançaram também o estatuto de mestre. Um desses seus aprendizes foi João dos Santos Calisto, falecido em 2012, que começou a pintar barcos e barricas na casa de João Lavado. Este, pouco tempo depois, levou-o como aprendiz para a “Aleluia”, onde também ele chegou ao topo da hierarquia artística.

From Apprentice to Master

Both during the period in which he was at “Aleluia”, and later at “Faianças S. Roque”, João Lavado always sought to learn, trying to find out what was best and most relevant in Portugal and also abroad. Alongside this, he was in contact with the great national masters of ceramics and tiles, many of whom admired his difficult technique of painting on mock-ups and firing the pieces in a direct flame kiln.

If he had good masters, not only as an apprentice at the “Aleluia” factory, but also at school, João Lavado was also a master for many of the painters who, years later, also achieved the status of master. One of his apprentices was João dos Santos Calisto, who died in 2012, he started painting boats and barrels at João Lavado’s house. This one, shortly afterwards, João Lavado took him as an apprentice to “Aleluia”, where he himself became a master and reached the top of the artistic hierarchy.

Marino Matos e a decoração que pintava fora da hora de trabalho para as Faianças de S. Roque
Acácio Grego e a decoração que pintava fora da hora de trabalho para as Faianças de S. Roque
Flamínio dos Reis e a decoração que pintava fora da hora de trabalho para as Faianças de S. Roque

Na “Faianças de S. Roque”, formou também três grandes pintores/mestres, Marino Matos, Acácio Grego e Flamínio dos Reis. Em tempos que o dinheiro era escasso, todos desejavam algum extra para equilibrar os seus orçamentos, então, João Lavado, elaborou três decorações diferentes, uma para cada um deles, para que pudessem levar peças para pintar em suas casas à noite e ao fim de semana, muitas vezes à luz da vela ou do candeeiro a petróleo.

A partilha com os seus aprendizes de alguns dos pequenos detalhes, truques e ferramentas, colmatava a escassez de materiais e utensílios (como os pincéis e seus diversos tipos de pelos que era preciso ir ao matadouro fazer a recolha) no mercado.
João Lavado ficou na História da Cerâmica Aveirense, mas também, pela sua capacidade técnica e artística, na História da Faiança Portuguesa.

At “Faianças de S. Roque”, he also trained three great painters/masters, Marino Matos, Acácio Grego and Flamínio dos Reis. In times where money was scarce, everyone wanted some extra to balance their budgets, so João Lavado created three different decorations, one for each of them, so  they could take pieces to paint in their homes at night and at  weekends, often with a candle or oil lamp light.

Sharing some of the small details, tricks and tools with his apprentices, it filled the shortage of materials and utensils (such as brushes and their different types of hair, which required going to the slaughterhouse to collect ) on the market.

João Lavado was in the History of Cerâmica Aveirense, but also, due to his technical and artistic capacity, in the History of Portuguese Faience.

João Lavado ficou na História da Cerâmica
Foi um artista que mostrou a sua arte ao público, participando em exposições, como a I Exposição dos Artistas de Aveiro, realizada em 1963, a exposição de cerâmica comemorativa do XV Aniversário das “Faianças de S. Roque”, ocorrida em 1971, a exposição “3 Artistas em exposição 72”, que teve lugar em 1972, e a exposição de cerâmica realizada na Galeria Municipal de Aveiro, em Abril de 1992.
No dia 2 de maio de 1992, João Lavado foi homenageado num almoço promovido por individualidades e colectividades do meio artístico e cultural e poderes autárquicos.


João Lavado was included in the History of Ceramics

He was an artist who showed his art to the public, participating in exhibitions, such as the 1st Exhibition of Artists of Aveiro, held in 1963, the ceramic exhibition commemorating the XV Anniversary of “Faianças S. Roque”, held in 1971, the exhibition “3 Artists in exhibition 72”, which took place in 1972, and the ceramics exhibition held at the Aveiro Municipal Gallery, in April 1992.

On May 2, 1992, João Lavado was honored at a lunch promoted by individuals and groups from the artistic and cultural world and local authorities.

Fonte/Source: Cardoso Ferreira in Correio do Vouga, 6 de março de 2013

As chávenas/canecas Bigode • The Mustache cups/mugs

As chávenas de bigode da era vitoriana (1837-1901), no Reino Unido, continham uma saliência no interior, chamada de guarda bigode, com uma abertura para permitir beber enquanto mantinha o bigode seco. Foram inventadas na década de 1860 pelo ceramista britânico Harvey Adams, que patenteou uma saliência em forma de borboleta, dentro do copo, com o orifício para beber.

Mustache cups from the Victorian era (1837-1901) in the United Kingdom had a ridge on the inside, called the mustache guard, with an opening to allow drinking while keeping the mustache dry. They were invented in the 1860s by British potter Harvey Adams, who patented a butterfly-shaped protrusion inside the cup, with the drinking hole.

Chávenas Bigode • Mustache cups
Caneca Bigode • Mustache Mug

Os bigodes eram incrivelmente populares durante a era vitoriana, a ponto de os militares britânicos exigirem que todos os seus soldados o deixassem crescer 1860 a 1916.

Esses soldados costumavam aplicar cera de bigode para manter os pelos faciais arrumados e no lugar. No entanto, beber líquidos quentes, como chá ou café, muitas vezes fazia com que a cera derretesse, fazendo com que ela pingasse lentamente no copo. Manchas de bigode também eram uma preocupação significativa para os bebedores de café/chá durante esse período.

Mustaches were incredibly popular during the Victorian era, to the point of British military mandated all its soldiers to letting it grow from 1860 to 1916.

These soldiers would often apply mustache wax to keep their facial hairs tidy and in place. However, drinking hot liquids such as tea or coffee would often cause the wax to melt, resulting in it slowly dripping into the cup. Mustache stains were also a significant concern for coffee/tea drinkers during this period time.

General Sir Nevil Macready

No livro de 1860 “Livro de Etiqueta e Manual de Polidez para Cavalheiros”, indicava que os bigodes “nunca devem ser enrolados, nem puxados para um comprimento absurdo. Pior ainda é cortá-los rente com a tesoura. O bigode deve ser limpo e não muito grande.”

O escritor francês Guy de Maupassant (1850-1893) disse certa vez: “Um homem sem bigode não é mais um homem” e observou que seus beijos “não têm sabor, absolutamente nenhum!”

A partir da Primeira Guerra Mundial, os soldados começaram a cortar os bigodes em vez de os manter, enquanto viviam nas trincheiras.

In the 1860 book “Gentlemen’s Book of Etiquette and Manual of Politeness,” it was declared that mustaches must “never be curled, nor pulled out to an absurd length. Still worse was cut it close with the scissors. The mustache should be neat and not too large.”

French writer Guy de Maupassant (1850-1893) once said, “A man without a mustache is no longer a man” and noted that their kisses ” have absolutely no flavor!”.

At the beginning of the first world war, soldiers began to shave their mustaches instead of trying to groom them while living in the trenches.

Soldado Milhões

A produção desses copos começou a diminuir após a guerra, pois usar bigode começa a sair de moda.

Existiam canecas com diversas formas e tamanhos. As campestres podiam conter até meio litro de chá, enquanto as peças mais pequenas e requintadas poderiam ter gravadas o nome do seu proprietário.

Foram fabricadas e vendidas em grandes quantidades, primeiro no Reino Unido e depois em toda a Europa e Estados Unidos da América.

Production for these cups decline after the war as mustaches began to go out of fashion.

There were cups of different shapes and sizes. Country ones could hold up to half a liter (pint) of tea, while smaller, more refined pieces could be engraved with the name of their owner.

They were manufactured and sold in large quantities, first in the United Kingdom and then throughout Europe and the United States of America.

Fábrica da Vista Alegre Mustache Cup
Caneca Bigodes Oficina da Formiga • OF Ceramics Mustache Mug 500ml

Fontes do texto e imagens/ Sources of the text and pictures:
www.facebook.com/ezinwannepage
www.atlasobscura.com
www.etsy.com
www.historic-uk.com
Agradecimento à Professora Margarida Simões

Os “Gatos” e os “Deita Gatos” • The “Cats” and the “Cats Applicator”

Gatear (ou gatar) é uma prática antiga de fixação dos fragmentos que constituem uma peça de cerâmica, com o auxílio de agrafos metálicos (“Gatos”). (in “Normas de Inventário: Cerâmica, Artes Plásticas e Artes Decorativas”, Instituto dos Museus e da Conservação, 2007).

“Gatear” (applying cats) is an old practice of fixing the fragments that make up a ceramic piece, with the aid of metallic staples (“cats”). (in “Inventory Rules: Ceramics, Plastic Arts and Decorative Arts”, Institute of Museums and Conservation, 2007).

Faiança “gatada” Earthenware with “cats”

Este tipo de trabalho era normalmente feito pelos amoladores galegos que andavam de terra em terra. A generalidade dos amoladores, eram oriundos de Nogueira de Ramuín, pequena localidade galega, da província de Ourense, próxima do Rio Minho. Dali partiram para o mundo muitos amoladores (afiadores na língua galega) que se espalharam pela Europa e por outros pontos do mundo.

This kind of work was normally done by Galician sharpeners who walked from land to land. Most of the sharpeners were from Nogueira de Ramuín, a small Galician town in the province of Ourense, close to the Rio Minho. From there, many sharpeners spread throughout Europe and other corners of the world.

Amolador Sharpener

Numa época em que ninguém deitava nada fora, prato, terrina, alguidar, tacho de barro ou travessa que se partisse ou estivesse rachado era reparado pelo amolador e ganhava mais vinte, 30, 40 ou 100 anos de vida e às vezes mais, pois muitos deles chegaram hoje às nossas mãos. Aos amoladores, também lhes chamavam de “deita gatos” ou “concerta louça”.

At a time when no one threw anything away, a cracked or a broken plate, platter, bowl, clay pot or a tureen, was repaired by the sharpener and gained twenty, 30, 40 or 100 years and sometimes more, as many of them reached our hands today. The sharpeners were also called “cat applicator” or “crockery fixer”.

Alguidar gateado Big bowl with “cats”

Eles faziam-se anunciar, antes de apregoar, tocando uma flauta de pan, como apito, chamada em espanhol de “chiflo”, a qual soprava fazendo soar suas tonalidades consecutivas, de grave a aguda e vice versa, também era chamada de gaita de porqueiro (porque ele também poderia ser capador de porcos). Em algumas regiões de Portugal, usavam um tilintar de ferrinhos. A esses sons característicos o povo tinha a superstição de que eles faziam adivinhar que ia chover ou fazer mau tempo.

They announced themselves, before proclaiming, playing a panpipe as a whistle, called in Spanish as “chiflo”, which blew making its consecutive tones sound, from low to high and vice versa, it was also called the pigpipe harmonica (because he could also be a pig castrator). In some regions of Portugal, they used the tinkling of “ferrinhos” (iron triangle). To these characteristic sounds the people had the superstition that they called rain and bad weather.

Flauta de pan Panpipe

O amolador deslocava-se a pé, acompanhado de uma roda montada numa estrutura de madeira. Essa roda, quando colocada no descanso, era accionada com um pedal e transmitia o movimento à pedra de amolar, usada para amolar objetos cortantes. Acoplada a essa roda tinha uma caixa de ferramentas com o necessário e suficiente para as reparações rápidas.

The sharpener moved by foot, with a wheel mounted on a wooden structure. This wheel, when placed on the rest, was operated with a pedal and transmitted the movement to the whetstone, used to sharpen sharp objects. Attached to this wheel was a toolbox with the necessary and enough for quick repairs.

Amolador a aplicar gatos Sharpener applying “cats”

Terminado o atendimento dos clientes bastava inclinar a roda, tirando-a do descanso e encostando-a ao solo, ficando assim pronta para ser movida, ou era levada às costas. O serviço era feito na hora, em pouco tempo, e, uma vez concluída a tarefa, lá iam eles para outros lugares em busca de novos trabalhos e clientes.

Customer served, just tilt the wheel, taking it off the rest and leaning it on the ground, ready to be moved, or carried on his back. The job was done on time, in a short time, and, once the work completed, they went to other places in search of new repairs and clients.

Amolador, junto ao Palácio do Marques de Alegrete – Rua da Mouraria – Lisboa
Sharpener, near Marques de Alegrete Palace – Rua da Mouraria – Lisbon

Esses reparadores ambulantes, autênticos homens dos sete ofícios, eram reparadores de guarda-chuvas, castradores de porcos, amoladores de tesouras, navalhas da barba e facas, mas também, nos tachos e panelas de alumínio, punham “pingos” nos buracos (pequenos rebites martelados para preencher os buracos) e até, os mais habilidosos, aplicavam novos fundos nas panelas gastas pelo uso.

These walking repairmen, authentic Jack of all trades, were umbrellas repairers, pig castrators, scissor sharpeners, razors of beard and knives, but also, in the aluminum pots and pans, they put “drips” in the holes (small rivets hammered to fill the holes) and even, the most skilled, could apply new bottoms to the pans worn by use.

A tradinha, ferramenta para abrir os buracos
The gimet, tool to open the holes

O processo de gatear a louça, começava por unir os cacos ou os diversos bocados da peça partida e, por cada “gato” (um pedaço de arame terminado por duas pequenas garras) a colocar, marcavam os dois pontos de ancoragem do “gato”, o vidrado era picado e de seguida faziam os respectivos furos oblíquos, com a ajuda de uma perfuradora manual, como a tradinha, a pua de arco ou outro instrumento primitivo de furar.

To bind the broken pieces, they would start by joining the shards or the several pieces of the broken ceramic piece and, for each “cat” (a piece of wire finished by two small claws) to be placed, they marked the two anchoring points of the “cat”, the glaze was chopped and then the oblique holes were made, with the help of a hand drill, such as the gimlet, archimedes pump drill or another primitive drilling tool.

Furador manual tipo bomba
Pump drill

Alguns “deita gatos” usavam o furador tipo bomba, inventado há uns 5 mil anos, com registos de uso no Egipto Antigo.

Com um eixo vertical de aprox. 30cm e contrapeso de madeira (para manter a inércia de rotação), uma haste horizontal de aprox. 24cm, com um cordel que saia das suas extremidades e unia no topo do eixo vertical, destinava-se a realizar furos de um ou dois milímetros de diâmetro.

O “concerta louça”, ao enrolar o cordel no eixo em sentido anti-horário e forçar a haste horizontal para baixo, fazia ocorrer um forte movimento de rotação no sentido horário, ganhando inércia suficiente para continuar a girar e enrolar o cordel novamente, permitindo accionar novamente a haste horizontal indefinidamente. Esse movimento de rotação horário e anti-horário fazia a ponta de aço afiado, que era molhado em água, desgastar o material, produzindo o furo desejado.

Some “cats applicators” used the pump drill, invented some of them, 5,000 years ago, with records of use in Ancient Egypt.

With a vertical axis of approx. 30cm and wooden counterweight (to maintain rotation inertia), a horizontal rod of approx. 24cm, with a twine that came out of its ends and joined at the top of the vertical axis, was intended to make holes of one or two millimeters of diameter.

The “crockery fix”, when winding the twine in the counter clockwise direction and forcing the horizontal rod downwards, causing a strong clockwise rotation movement, gaining enough inertia to continue to rotate and wind the string again, allowing to operate the horizontal rod again indefinitely. This clockwise and counter clockwise movement made the sharp steel tip, which was cooled in water, wear out the material, producing the intended hole.

Buracos feitos e agrafos prontos
Holes made and staples ready

Juntos os cacos, era a vez de, com a arte que a experiência dá, introduzir as garras dos “gatos” e fixá-los em forma arqueada, de agrafo, de modo a ficarem bem apertados. Assim, conseguiam uma junção perfeita das partes, que impedia que os líquidos vertessem, usando uma cola feita de clara do ovo, para impermeabilizar a peça, que era altamente resistente ao vapor e humidades. Na parte de trás da peça, rematavam muito bem os buracos visíveis com cimento branco.

Once the shards were binded, it was time, with the art that experience gives, to introduce the claws of the “cats” and fix them in an arched shape, with a staple, very tight. Thus, they achieved a perfect joining of the parts, which prevented the liquids from pouring, using a glue made of egg white, to waterproof the piece, that became highly resistant to steam and moisture. At the back of the piece, the visible holes were very well finished with white cement.

Prato pronto para nova utilização, com os “gatos” aplicados
Plate ready for a new use, with the “cats” applied

Além dos gatos, alguns “concerta louça”, também punham asas metálicas nas canecas, canecos, jarros, bilhas, canjirões, picheiras e enfusas, que perdiam as asas cerâmicas originais, no seu uso diário… Para aplicar as novas “asas”, havia quem usasse a mesma técnica dos gatos, mas, os que gostavam de fazer um serviço mais perfeito e robusto (pois a asa teria de aguentar o peso da peça mais o do líquido que era colocado no seu interior), aplicavam dois aros de metal à volta da peça e era nesses aros que a “asa” metálica era aplicada (soldada a estanho). Uma outra técnica era a fixação da nova asa directamente, com estanho colocado em ambos os lados dos buracos na parede da peça, conforme foto abaixo. Assim, a caneca ou bilha, ganhava uma prótese que a tornava novamente funcional no seu uso doméstico ou comercial (estabelecimentos onde serviam vinho, por exemplo).

In addition to the cats, some “crockery fix” also put metallic handles on mugs, jugs and pitchers, that lost their original ceramic handle, in their daily use… To apply the new handle, some of them used the same technique as the “cats”, but those who liked to do a finest, perfect and strong service (since the handle would have to support the weight of the piece plus the liquid inside), applied two metal hoops around the piece and it was in these rings that the metallic handle was applied (tin welded). Another technique was to fix the new handle directly, with tin placed on both sides of the holes in the mug wall, as shown in the photo below. Thus, the mug or the jug got a prosthesis that made it functional again in its domestic or commercial use (places where it was served wine, for example).

Caneca com asa metálica aplicada Mug with applied metal handle

Pregões dos amoladores • Sharpeners proclamations

Região de Aveiro (1950): “Há por aí loiça e guarda-sois para compor? Alguidares, loiça fiiiiina”

Em Lisboa: “Deita gatos em bacias e alguidares, amola tisoiras e navalhas, conserta chapéus de sol…”

Em todo o lado: “Afio facas, tesouras, Na minha pedra de amolar, Venham minhas senhoras, Vida dura… de ganhar!”

Em todo o lado: “Amolador á porta…. Amola facas, tesouras e canivetes… Arranja chapés de chuva…”

Aveiro Region (1950): “Are there any potery and umbrellas to fix? Bowls, fiiiiine crockery ”

In Lisbon: “Apply cats on basins and bowls, Sharpen scissors and razors, fix parasols… “

All over the places: “I sharpen knives, scissors, On my whetstone, Come my ladies, Hard life… to win!”

Everywhere: “Sharpener at the door… Sharpen knives, scissors and pocket knives… Fix umbrellas… “

A arte de Stuart e os versos de Pessoa • Stuart’s art and Pessoa’s verses

Postal editado pelos CTT, com uma ilustração de Stuart Carvalhais (1948), alusiva ao ofício de Amolador, ainda era um dos mais típicos apontamentos das ruas lisboetas e de outras cidades de Portugal.

Postcard issued by the Post Office General Administration (CTT), with an illustration by Stuart Carvalhais (1948), allusive to the craft of Sharpener, it was still one of the most typical notes of Lisbon streets and other cities in Portugal.

Fontes do texto e imagens/ Sources of the text and pictures:
https://amontradoslivros.wordpress.com,
https://lisboadeantigamente.blogspot.com,
https://museudosilvio.wordpress.com,
http://velhariasdoluis.blogspot.com,
Carvalho, António Galopim (O deita-gatos),
Wikipédia e Tiago Pereira.

O Alguidar • The Alguidar

A denominação destes recipientes deu origem a diferentes vocábulos, que muitas vezes são usados indistintamente – alguidar, bacia, escudela, malga, palangana, taça e tigela.
Neste conjunto lexical há alguns vocábulos mais arcaizantes, como o castelhanismo palangana ou o termo medieval escudela, e outros de aplicação mais discutível, como o termo malga, que em certas regiões é sinónimo de tigela.
A obra Cerâmica Portuguesa (1931), do estudioso de cerâmica José Queirós (1856-1920), regista também um léxico alargado onde, entre as dezenas de vocábulos, surgem referências a “malgas, cuncas, covilhetes, tigellas, almofias ou almofas (que eram antigamente vasos grandes do feitio de tigellas)” e “Alguidares, bacias de mãos, palanganas (vasos de muita circunferência e pouco pé), tigellas da casa (…)”.

The name of these containers gave origin to different words, which are often used interchangeably – bowl, escudela, malga, palangana.
In this lexical set there are some more archaic words, such as Castilianism palangana or the medieval term escudela, and others of more debatable application, such as the “malga” term, which in certain regions is synonymous of bowl.
The book Cerâmica Portuguesa (1931), by the ceramic scholar José Queirós (1856-1920), also registers a wide lexicon where, among the dozens of words, references to “malgas, cuncas, covilhetes, tigellas, cushions (which were formerly large vases of the shape of tigellas) “and” Alguidares, hands basins, palanganas (vases with a wide circumference and small base), home tigellas(…)”.

 

A designação “alguidar” proveio do árabe “al-giDār”, que significa «escudilha grande». Está registada, em português antigo, a seguinte abonação de 1516: «… sinos de metal de Jaoa, tamanhos como grandes alguidares.»
O alguidar é uma vasilha circular e cónica, feita de argila, cujo bordo é virado. O diâmetro da boca é superior ao da base e que serve para lavar, amassar, etc.

The designation “alguidar” came from the Arabic “al-giDār”, which means “large bowl”. It’s registered, in old Portuguese, in the following accreditation from 1516: «… metal bells from Jaoa, sizes like large bowls.»
The bowl is a circular, conical bowl made of clay whose edge is turned out. The top part has a much wider shape than the bottom and it’s used for washing, kneading, etc.

 

Não havia casa que não dispusesse de um. As suas utilidades eram inúmeras: nele se ‘batia” e amassava a massa do pão-leve, se deixava a massa levedar para fazer as filhoses, lavava-se a loiça do dia-a-dia – um para lavar, outro para enxaguar – e quando nascia uma criança em casa, era num alguidar que lhe davam banho.
Usava-se o alguidar para lavar a roupa e era para o alguidar que, em Dezembro/Janeiro de cada ano, se “migava” o trigo que servia para ensopar o sangue do porco e fazer as morcelas, para o alguidar se cortavam as carnes durante a desmancha e se deixavam as chouriças em vinha d’alhos, etc.
E até se faz um Licor de Alguidar em Aveiro…

There was one in every home. Its uses were innumerable: in it the ‘dough’ was beaten, kneaded and fermented, a traditional sweet was left to rise, everyday dishes were washed in the alguidar – one to wash, another to rinse – and when a child was born at home, they would be bathed in the alguidar.
The alguidar was used to wash clothes, and in December / January of each year, wheat was “crumbled” to soak the pig’s blood and make black pudding, to the alguidar the meat was cut and stayed in garlic and wine to make sausages. It’s even is used to make “Alguidar’s liquor” in Aveiro.

 

E quando por um descuido algum se partia, não se deitava fora, lá vinha o “amola tesouras ou conserta guarda-chuvas ou conserta alguidares”, que com uma técnica própria colocava uns “gatos” (um espécie de ganchos de arame/agrafos) que permitiam vedá-lo e dar-lhe mais uns tempos de “vida”.

And when, by carelessness, some broke, it wasn’t thrown away, there came the “sharpens scissors or repairs umbrellas or repairs bowls” man, which with his own technique put some “cats” (a kind of wire hooks / staples) that allowed to seal it and give it some more “life” times.

 

Os diversos tamanhos de alguidares da Oficina da Formiga são conformados à roda na Olaria de Rui Silva, na Aldeia da Bajouca. As decorações são feitas pintando os desenhos tradicionais na peça e posterior vidragem e a 2ª cozedura a 1030ºC, dando origem a uma peça que marca pela sua diferença, mas também pela sua tradição, trazendo à memória gestos, cheiros e sabores do passado.

The different sizes of “alguidares” from OFceramics are shaped on the potter’s wheel at Olaria de Rui Silva, in Aldeia da Bajouca. All the decors are done by painting the traditional patterns on the piece and later glazing and the second burning at 1030ºC, creating a piece that stands out for its difference, but also for its tradition, bringing to mind gestures, smells and flavors from the past.

 

Fontes do texto/ Sources of the text: http://mfls.blogs.sapo.pt/103727.html

Fontes das imagens/ Sources of the pictures: Oficina da Formiga e Valter Marques

Cerâmica, o que é a terracota, faiança, grés ou porcelana • Ceramics, what is terracotta, earthenware, stoneware or porcelain

Há mais de 25 anos a fazer peças cerâmicas, deparamo-nos frequentemente com alguma falta de conhecimento sobre os diversos produtos cerâmicos existentes no mercado.

A cerâmica, é uma grande família que reúne uma ampla diversidade de produtos e suas respectivas pastas cerâmicas: terracota, faiança, grés e porcelana são apenas algumas das mais usuais. São todos produtos cerâmicos, mas são distintos entre si, apresentando as suas próprias características e implicando diferentes processos de produção.

For more than 25 years working in ceramics, we often find ourselves with a lack of knowledge with the amount ceramic products on the market.

The pottery is a large family, that brings together a wide diversity of products and their respective ceramic pastes: terracotta, earthenware, stoneware and porcelain are just some of the most popular. They are all ceramic products, but they are distinct from each other, presenting their own characteristics and implying different production processes.

Começar pelo princípio: a definição de cerâmica • Start from the beginning: the definition of ceramics

Com origem na palavra grega ‘Keramos’, que significa “arte queimada”, refere-se à arte de produzir objetos artísticos, utilitários ou decorativos, usando como matéria-prima base a argila, num processo em que a pasta é inicialmente conformada e depois cozida a elevadas temperaturas para adquirir resistência, rigidez e cor.  Resumindo: objetos de base argilosa, uma substância mineral que pode ser encontrada na superfície terrestre.

Resultado de inúmeras formações geológicas, existem argilas de várias composições químicas e apresentando aspetos distintos. A maioria delas não está, normalmente, pronta a ser trabalhada, por isso, as argilas são usadas na composição das pastas cerâmicas junto com outras matérias primas para obter as características finais pretendidas.

Por outras palavras, uma pasta “trabalhável” é uma substância obtida a partir da mistura de matérias-primas naturais plásticas, como o caulino ou argila, com outras não-plásticas, como o feldspato ou a areia. O que quer isto dizer em termos práticos? É esta conjugação destas substâncias que fazem da pasta cerâmica uma matéria plástica/moldável, quando húmida e dura/resistente após a sua cozedura.

Diferentes bases de argila, diferentes combinações. É aqui que surgem diversos caminhos: podendo partilhar a mesma base argilosa, a terracota, a faiança, o grés ou a porcelana variam, primeiro, na composição e depois na forma como são produzidas. Variáveis que lhes conferem diferentes características enquanto produto acabado e, por isso, finalidades distintas.

Originating in the Greek the word ‘Keramos’, means ‘burnt art’, the art of producing artistic, utilitarian or decorative objects, using as base raw material, the clay, in a process that the paste is initially shaped and then burned at high temperatures to achieve strength, stiffness and color. Clay is a mineral substance that can be found on the earth’s surface.

Result of numerous geological formations, there are clays of various chemical compositions and presenting different aspects. Most of them are not normally ready to be worked, so the clays are used in the composition of the ceramic pastes along with other raw materials to obtain the desired final characteristics.

In other words, a “workable” paste is a substance obtained from the mixing of natural plastic raw materials, such as kaolin or clay with other non-plastic, such as feldspar or sand. What does this mean in practical terms? It is the conjugation of these substances, that make the ceramic paste plastic/moldable, when wet, and hard/resistant material after its firing.

Different clay bases, different combinations. This is where several paths take place, able to share the same clay base, terracotta, earthenware, stoneware or porcelain, varying first in composition and then the way they are produced. Variables that give them different characteristics as a finished product and, therefore, different purposes.

Relação possível entre a matérias primas e as diferentes pastas/produtos cerâmicos

Possible relationship between raw materials and the different pastes/ceramic products

A influência das propriedades de cada matéria prima na pasta cerâmica: argila gorda origina plasticidade, a argila magra retira plasticidade, o caulino dá a brancura e resistência a alta temperatura, a areia forma o esqueleto, o feldspato é um fundente de alta temperatura, a calcite/dolomite são fundentes de baixa temperatura e o descolorante será um corante azul que vai colorir ligeiramente a pasta.

The influence of the properties of each raw material on the ceramic paste: fat clay (argila gorda) originates plasticity, lean clay (argila magra) removes plasticity, kaolin gives whiteness and resistance at high temperature, sand forms the skeleton, feldspar is a high temperature flux, calcite/dolomite are low temperature fluxes and the bleach will be a blue dye that will color the paste slightly.

Terracota • Terracotta

A terracota é um material de base argilosa, caracteriza-se pela cozedura à volta dos 900°C, após cozedura apresenta uma elevada porosidade e uma cor natural laranja acastanhado.

Os produtos em terracota apresentam uma baixa resistência mecânica e elevada porosidade, necessitando de um acabamento superficial (por exemplo um vidrado) para a tornar impermeável. A sua cor deve-se à elevada quantidade de óxido de ferro na composição da argila usada e podem ser fabricados diversos produtos para a construção, jardinagem, decoração, mas também produtos de mesa, como copos, canecas, pratos e travessas.

Terracotta is a clay-based material, characterized by burning around 900°C, a high porosity and a natural brownish-orange color after burning.

Terracotta products have a low mechanical strength and high porosity, requiring a surface finish (a glaze or a waterproofing product) to render it impermeable. Its color is due to the high amount of iron oxide in the composition of the used clay. Several products can be manufactured, for the construction, gardening, decoration, but also tableware such as cups, mugs, plates and platters.

Faiança, criatividade e tradição sem limites • Faience, creativity and tradition without limits

A faiança, que deve o seu nome à cidade italiana Faenza (centro cerâmico italiano do Renascimento, séculos XV e XVI), precisa de ser vidrada para impedir a absorção de líquidos, coze a temperaturas mais baixas (entre 900°C e 1280°C). Com uma cor acinzentada em cru, que branqueia durante a cozedura, a faiança é uma pasta cujas matérias primas existem em alguma abundância em solo português.

Portanto, com qualidades técnicas superiores à da terracota e mais nobre devido à sua brancura é um produto tradicional português existente nas mesas e no revestimento das paredes das casas dos portugueses (na forma de azulejo) desde o Séc. XVI.

Actualmente, o grande fator diferenciador da faiança, em relação aos outros produtos cerâmicos, assenta na quantidade e variedade de decorações possíveis, cores e texturas que podem ser exploradas.

Cores vibrantes, acabamentos mate/brilhantes, lustrinas metalizadas e iridescentes – um número infinito de possibilidades que transformam produto base em tudo o que se quiser, inclusivamente peças de grande valor acrescentado. É, sem qualquer dúvida, a pasta de eleição tanto para peças decorativas como para peças utilitárias.

The faience (earthenware), owes its name to the Italian city of Faenza (the Italian Renaissance ceramic center, 15th and 16th centuries), needs to be glazed to prevent the absorption of liquids, burning between 900°C and 1280°C. With a greyish color in raw,  bleaches during burning, the faience is a paste whose raw materials exists in abundance in Portuguese soil.

Therefore, with superior technical qualities than terracotta and nobler due to its whiteness, it is a traditional Portuguese product used on the tables and houses wall covering (with the shape of tiles) since the 16th century.

Nowadays, the great factor differentiating of earthenware, in relation to the other ceramic products, is based on the quantity and variety of possible decorations, colors and textures that can be explored.

Vibrant colors, matte/gloss finishes, metallic and iridescent lustrines – an infinite number of possibilities that transform base product into everything you want, including pieces of great added value. It is undoubtedly the preferred pulp for both decorative pieces and utility pieces.

Grés, estilo mineral • Stoneware, mineral style

O grés é um produto cerâmico de alto-fogo (+-1200ºC) cuja pasta que lhe dá origem é plástica por natureza que dará origem a um produto de dureza e densidade elevada, impermeável e de tom amarelado/acinzentado.

Os vidrados permitem obter resultados muito orgânicos, que permitem enfatizar o carácter mineral desta pasta, tanto pela cor como pela textura. Embora a fusiblidade que resulta das altas temperatura a que são submetidos durante a cozedura permita reações muito próprias, tradicionalmente, o leque de decorações possíveis é mais reduzido do que nos vidrados de menor temperatura, utilizados na produção de faiança, por exemplo.

Este conjunto de características fazem do grés uma solução óptima para loiça de hotel, uma vez que a baixa porosidade desta pasta após a cozedura assegura elevada resistência, respondendo eficazmente ao seu uso no forno e no congelador.

Stoneware is a high-quality ceramic product (+ -1200°C), the paste that gives it origin is plastic in nature which will give rise to a product of hardness and high density, impermeable and yellowish/grayish tone.

The glazes allow very organic results, which allow to emphasize the mineral character of this paste, both by color and texture. Although the fusibility resulting from the high temperatures to which they are subjected during burning allows very own reactions, traditionally the range of possible decorations is smaller than in the lower temperature glazes used in the production of earthenware, for example.

This set of characteristics makes stoneware an optimal solution for hotel dishes, since the low porosity of this paste after burning ensures high resistance, effectively responding to its use in the oven and in the freezer.

Porcelana, pureza e brancura • Porcelain, purity and whiteness

Partindo de argilas puras ou purificadas, de plasticidade baixa, a porcelana é, talvez, a “menina dos olhos de todos os produtos cerâmicos”: nobre, fina, translúcida, mas densa e impermeável, aproximando-se das características do próprio vidro. Para ser trabalhável, são necessários componentes de natureza plástica, que devem ser cuidadosamente adicionados de forma a não comprometam a cor branca da porcelana, que lhe é tão própria.

Uma pasta de alto-fogo, a porcelana é cozida a uma temperatura média que atinge os 1300ºC. Já a nível de acabamento, os vidrados da porcelana são bastante duros e resistentes e de acabamento brilhante. Habitualmente não apresentam coloração, já que o objetivo é, uma vez mais, preservar a brancura natural desta pasta.

Embora se encontrem peças decorativas em porcelana, a loiça de mesa é a maior força deste tipo de produto já que permite criar conjuntos de mesa de elevada durabilidade e sofisticação.

Starting from pure or purified clay, with low plasticity, porcelain is perhaps the “girl of the eyes of all ceramic products”: noble, thin, translucent, but dense and impermeable, approaching the characteristics of the glass itself. To be workable, plastic components are required, which must be carefully added so as not to compromise the white color of porcelain, which is so unique to it.

A high-fire ceramic paste, the porcelain is burned at an average temperature that reaches 1300ºC. At the level of surface, porcelain glazes are quite hard and resistant and have a glossy finish. Usually they do not present coloration, since the objective is, once again, to preserve the natural whiteness of this paste.

Although porcelain decorative pieces are found, tableware is the greatest strength of this type of product since it allows to create table sets of high durability and sophistication.

Qual o melhor tipo de cerâmica? Depende do objectivo • What is the best type of ceramics? Depends on the target

Entre diferenças e semelhanças, pode dizer-se que não existem produtos de boa ou má qualidade, mas sim, mais ou menos adequados ao objetivo final.

Pretende uma linha de mesa altamente resistente? Então, talvez a porcelana seja a mais adequada. Ou pretende algo para uso intensivo no seu forno? Então, o grés. Ou pretende algo para adicionar cor e carácter à sua mesa ou à sua casa? Aposte na faiança: nesta última estamos aqui para ajudar.

Between differences and similarities, it can be said that there are no products of good or poor quality, but more or less adequate to the final target.

Do you want a highly resistant table line? So maybe porcelain is the most appropriate. Or do you want something for intensive use in your oven? So the stoneware is the best. Or do you want something to add color and character to your table or your home? Bet on the earthenware: in this last one we are here to help you.

Fontes do texto/ Sources of the text: www.arfaiceramics.com; www.educalingo.com.

Fontes das imagens/ Sources of the pictures: www.fotografamos.com; www.oficinadaformiga.com; www.ceramirupe.com; www.costa-verde.com.

As malgas ou tigelas • Malgas or bowls

As formas

A forma cerâmica mais tradicional é conhecida como “tigela” ou “malga”, cujo design é o da semiesfera, ou meia calota, tem uma longa história de consumo e uma tradição de produção.

A tigela é materialização da mão que contém, retém, é concebida para ser confortável, aninhando-se quando empunhada.

Malga é a expressão “perfeita” do formato básico mais satisfatório para os artigos de louça, o globo, estruturalmente a forma mais forte que uma peça oca de argila pode assumir, na qual as linhas de tensão estão o mais próximo de um estado de equilíbrio.

Diversos tamanhos de tigela: 1 (h 4cm, boca 6cm), 2 (h 4,5cm, boca 7cm), 3 (h 5,5cm, boca 8cm), 4 (h 6cm, boca 8,5cm), 5 (h 6,5cm, boca 9cm), 6 (h 6,5cm, boca 10,5cm), 7 (h 8cm, boca 11,5cm), 8 (h 8,5cm, boca 13cm), 9 (h 9,5cm, boca 14cm), 10 (h 10cm, boca 16cm), 11 (h 12cm, boca 9-20cm), 12 (h 13cm, boca 22cm), 13 (h 13,5cm, boca 12,5cm), [h = altura, boca = diâmetro da boca].

Nos motivos e padrões decorativos nas tigelas, há presença maciça de padrões florais, decorados/pintados à mão livre, com estampilha (escantilhão ou estanhola), com decalque ou por tampografia.

Ao mesmo tempo em que dialogam com as xícaras e canecas, as tigelas competem também com os pratos e com outras formas, como as terrinas, as jarras e as sopeiras, com maior capacidade volumétrica e com papel de serviço ou consumo colectivo.

As tigelas, que possibilitavam competição com qualquer uma das formas, fazendo com que um serviço completo de jantar pudesse ser composto apenas por elas.

The shapes

The most traditional ceramic shape is known as “bowl” or “malga”, whose design is half -sphere, has a long history of consumption and a tradition of production.

The bowl is the materialization of the hand which contains, retains, is designed to be comfortable, nesting when wielded.

Malga is the “perfect” expression of the most satisfactory basic format for dishware, the globe, structurally the strongest form a hollow piece of clay can assume, in which the tension lines are closest to a state of equilibrium .

Diferent sizes of bowl: 1 (h 4cm, mouth 6cm), 2 (h 4.5cm, mouth 7cm), 3 (h 5,5cm, mouth 8cm), 4 (h 6cm, mouth 8.5cm), 5 (9.5cm, mouth 9cm), 6 (6,5cm, mouth 10,5cm), 7 (8cm, mouth 11,5cm), 8 (8,5cm, mouth 13cm) mouth 14cm), 10 (10cm h, mouth 16cm), 11 (h 12cm, mouth 9-20cm), 12 (h 13cm, mouth 22cm), 13 (h 13,5cm, mouth 12,5cm) , [h = high; mouth = mouth diameter].

The designs and decorative patterns in the bowls handmade, have a massive presence of floral patterns, painted by free hand, by stencil, with decal or by pad printing.

At the same time, it dialogues with the cups, the bowls also compete with the dishes and with other forms, such as terrines and jars, with greater volumetric capacity and collective consumption. An entire dining appliance could be composed only by them.

O uso

A tigela era e é utilizada para separar, preparar ou misturar os alimentos a cozinhar e guardar, servir à mesa ou consumir alimentos em refeições sólidas e líquidas.

A sua utilização poder ser individual ou colectiva, por exemplo no consumo de ensopados e alimentos pastosos, como cremes, geralmente sem o auxílio de talheres, como hoje usamos com os pratos.

Podemos associar o seu uso ao gesto de sorver as sopas e caldos, enchidas mergulhadas numa terrina ou panela ou através de colheres ou conchas: “pegava-se a malga e era só emborcar na boca, aos sorvos sonoros de proclamado sabor”.

São utensílios usados em todas as refeições, como o pequeno-almoço, almoço, lanche e o jantar. Podem ser usadas com bebidas, leite, chá, café ou vinho, com entradas da refeição salgadas, complementos da refeição, azeitonas, saladas, molhos ou outros, e até na sobremesa, com doces diversos como o arroz doce, ou outros.

The use

The bowl was and is used to separate, prepare, mix, cook and store, to serve at table or to consume solid food and liquid meals.

Its use could be individual or collective, for example consumption of stews and pasty foods, like creams, usuallywithout the aid of cutlery, as we use the dishes today.

We can associate its use with the gesture of sucking the soups and broths, stuffed  in a terrine, pot or through spoons or shells: “the malga was taken and it was only to capsize in the mouth, to the sonorous sips of proclaimed flavor”.

They are used at all meals, such as breakfast, lunch, snack and dinner. They can be used with drinks, milk, tea, coffee or wine, with salty entrees, meal complements, olives, salads, sauces and others, and even with sweets such as sweet rice or other desserts.

Fontes das imagens/ Sources of the pictures: www.receitasparafelicidade.com

O azulejo de figura avulsa • Single-figure tile

 

O azulejo de figura avulsa, de inspiração Holandesa (Delft), surge nos finais do século XVII quando os azulejos de padrão saem de moda, introduzindo temas e desenhos mais ajustados ao modo português de interpretar a vida, conferindo-lhes um estilo marcadamente nacional.

The Dutch (Delft)-inspired single-figure tile, emerged at the end of the 17th century when the pattern tiles are out of fashion, introducing themes and designs more adjusted to the Portuguese way of interpreting life, giving them a markedly national style.

 

A sua pintura surge numa quantidade imensa de temas: flores, animais (pássaros, patos, peixes, veados, gazelas, coelhos, cães, gatos), barcos, casas, torres, cestos com flores ou frutos e também figuras humanas.

Its painting comes in a huge number of themes: flowers, animals (birds, ducks, fish, deer, gazelles, rabbits, dogs, cats), boats, houses, towers, baskets with flowers or fruits and also human figures.

 

A principal característica destes azulejos, reside essencialmente no motivo ornamental solto que decora o centro, o qual tanto pode ser o único ornamento decorativo do azulejo como pode ser completado por outros ornatos secundários nos cantos, ligados entre si ou isolados.

The main characteristic of these tiles lies essentially in the dispersed ornamental pattern in the center, which either may be the only decorative ornament of the tile or can be completed by other secondary ornaments in the corners, connected together or isolated.

 

A figura avulsa destaca-se pelo pitoresco dos motivos variados em azul cobalto, geralmente de representação espontânea e ingénua, por vezes com carácter caricatural, em parte devido a terem sido pintados por crianças, que nestes trabalhos de menor responsabilidade adquiriam prática e tornavam o produto mais barato.

The single-figure tile stands out for the picturesque variety of cobalt-blue motifs, usually of spontaneous and naive representation, sometimes with a caricature, partly because they were painted by children, who in these less responsible jobs acquired practice and made a cheaper product.

Entre outros locais, foram aplicados em cozinhas e lances de escadas, mas encontram-se também em arquitectura religiosa (igrejas e conventos).

O azulejo é uma das expressões mais fortes da cultura portuguesa.

Among other places, they were applied in kitchens and flights of stairs, but are also found in religious architecture (churches and convents).

The tile is one of the strongest expressions of Portuguese culture.

 

Baseado no texto da/ Based on the text of: http://tempohistorias.blogspot.pt

Fontes das imagens/ Sources of the pictures: www.oficinadaformiga.com e www.deazul.net

A lenda do Folar da Páscoa • The legend of the Easter Folar

Introdução • Introduction

O folar é tradicionalmente o pão da Páscoa em Portugal, confeccionado na base da água, sal, ovos e farinha de trigo. A forma, o conteúdo e a confecção varia conforme as regiões de Portugal e vai desde o salgado ao doce, nas mais diversas formas. Nalgumas receitas é encimado por um ovo cozido com casca.

The folar is traditionally the Easter bread in Portugal, made on the basis of water, salt, eggs and flour. The form, content and production varies according to each region of Portugal and ranges from salty to sweet, in several ways. In some recipes is surmounted by a boiled egg with shell.

Folar

A lenda • The legend

Conta a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo.

Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos.

A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa.

Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos.

Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer…

 •

The legend tell us that in a Portuguese village, lived a young woman named Mariana who had the only desire in life to marry early.

She prayed so much to Saint Catherine that her desire was realized and soon arose her two suitors: a rich nobleman and a poor farmer, both young and beautiful.

She returned to ask for help from Saint Catherine to make the right choice.

While concentrated on her prayer, Amaro knocked on the door, the poor farmer, asking her an answer and marked as the deadline the Palm Sunday.

After a short time, in that day, the nobleman also came to ask her a decision. Mariana didn’t know what to do…

 

Chegado o Domingo de Ramos [é o dia em que é celebrada a “entrada triunfal” de Jesus em Jerusalém, exactamente uma semana antes da sua ressurreição (Mateus 21:1-11)], uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte.

Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana escolheu Amaro, o lavrador pobre.

Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.

 •

When Palm Sunday comes [it is the day that is celebrated the “triumphal entry” of Jesus into Jerusalem, exactly one week before his resurrection (Matthew 21: 1-11)], a neighbor in great distress, warn that Mariana that the nobleman and the farmer met in the way to her house and they were fighting a death struggle.

Mariana went to the place where the two faced each other and then, after asking for help to Saint Catherine, Mariana chose Amaro, the poor farmer.

On Sunday the eve of Easter, Mariana was troubled, because someone said that the nobleman would appear on the wedding day to kill Amaro. Mariana prayed to Saint Catherine and the image of the Saint seems to smile to her.

 

No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar.

Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.

Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo.

Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.

 •

On the following day, Mariana put flowers on the Saint’s altar, and when she got home, she found on the table a large cake with whole eggs, surrounded by flowers, the same that Mariana had put on the altar.

She ran to Amaro’s house, but found him on the road and he told her that he had also received a similar cake.

Thinking it was a nobleman idea, they went to his house to thank him, but he had also received the same kind of cake.

Mariana was convinced that it had been the work of Saint Catherine.

 

Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação nas mesas de Domingo de Páscoa portuguesas.

Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de baptismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.

 •

Originally called folore, the cake became, in time, known as folar and has become a tradition that celebrates friendship and reconciliation in the Portuguese Easter Sunday.

During the Christian festivals of Easter, the godson usually takes, on Palm Sunday, a bouquet of violets to the baptismal godmother and she, on Easter Sunday, offers him in return one folar.

Folar 2

Desejamos a todos um Santo Domingo de Páscoa!

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We wish you all a Holy Easter!

 

 

 

Baseado no texto da/ Based on the text of: www.pt.wikipedia.org and www.infopedia.pt/$lenda-do-folar-da-pascoa

 

A história do penico • The history of the chamber pot

 

Um penico (também designado como vaso de noite, pinico ou bacio) é um recipiente em forma de taça com uma asa ou pega, e muitas vezes com tampa, mantido no quarto debaixo da cama ou na mesa-de-cabeceira e usado, geralmente, como depósito das necessidades fisiológicas durante a noite.

A chamber pot (also a piss pot, a potty or a thunder pot) is a bowl-shaped container with a handle, and often with a lid, kept in the bedroom under a bed or in the cabinet of a nightstand and generally used as a toilet at night.

 

 

Os penicos eram usados na Grécia antiga, pelo menos desde o século VI. A introdução de sanitários no interior das casas, começou a substituir o uso do penico no século 19, mas esses recipientes eram de uso generalizado até meados do século 20.

Eles continuam a ser usados em locais que não possuam água canalizada, como zonas rurais e foi redesenhado como arrastadeira para uso em doentes acamados.

Chamber pots were used in ancient Greece at least since the 6th century. The introduction of indoor toilets started to displace chamber pots in the 19th century but such pots were in common use until the mid-20th century.

They continue in use until today in countries lacking indoor plumbing such as rural areas and have been redesigned as the bedpan for the bedridden patients.

 

 

A Oficina da Formiga, com a sua genuína cerâmica tradicional, continua a manufacturar este tipo de peça, transmitindo os sentimentos de saudade e tradição nas peças que produzimos.

 •

OF Ceramics, with its genuine traditional ceramics, continues to manufacture this kind of piece, conveying the feelings of nostalgia and tradition in our products.

 

Com paisagem no fundo - With landscape in the bottom

Baseado no texto da/ Based on the text of: www.pt.wikipedia.org

Fontes das imagens/ Sources of the pictures: www.oficinadaformiga.com

A Lenda do Galo de Barcelos • The tale of the Rooster of Barcelos

Travessa oitavada galo

 

A lenda do Galo de Barcelos narra a intervenção milagrosa de um galo morto na prova da inocência de um homem erradamente acusado.

Está associada ao cruzeiro seiscentista que faz parte do espólio do Museu Arqueológico, situado no Paço dos Condes de Barcelos.

The tale of the Rooster of Barcelos tells the story of a dead rooster’s miraculous intervention in proving the innocence of a man who had been falsely accused and sentenced to death.

The story is associated with the 17th-century calvary that is part of the collection of the ArcheologicalMuseum located in Paço dos Condes, a gothic-style palace in Barcelos, a city in the Braga District of northwest Portugal.

 

Segundo a lenda, tinha sido roubado um valioso serviço de mesa de prata, durante uma grande festa em casa do homem mais rico de Barcelos. Os habitantes andavam alarmados com o crime, do qual ainda não se tinha descoberto o ladrão.

Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo, apesar dos seus juramentos de inocência, que estava apenas de passagem em peregrinação a Santiago de Compostela, em cumprimento duma promessa.

According to the tale, a precious silver table set had been stolen from the richest man house, in Barcelos, and the inhabitants were looking for the thief.

One day, a man from neighboring Galicia turned up and became suspect, despite his pleas of innocence. The Galician swore that he was merely passing through Barcelos on a Pilgrimage to Santiago de Compostela to complete a promise.

 

Prato PR6 galoCondenado à forca, o homem pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos.

O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou: “É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.”

Nevertheless, the authorities arrested the Galician and condemned him to hang. The man asked them to take him in front of the judge who had condemned him. The authorities honored his request and took him to the house of the magistrate, who was holding a banquet with some friends.

Affirming his innocence, the Galician pointed to a roasted cock on top of the banquet table and exclaimed, “It is as certain that I am innocent as it is certain that this rooster will crow when they hang me.” The judge pushed aside his plate because he decided to not eat the rooster. But still, the judge ignored the Galician’s appeal.

 

Travessa oitavada pequena galo

 

O juiz empurrou o prato para o lado e ignorou o apelo, mas quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou.

Compreendendo o seu erro, o juiz correu para a forca e descobriu que o galego se salvara graças a um nó mal feito. O homem foi imediatamente solto e mandado em paz.

However, while the pilgrim was being hanged, the roasted rooster stood up on the table and crowed as the Galician predicted.

Understanding his error, the judge ran to the gallows, only to discover that the Galician had been saved from hanging thanks to a poorly made knot in the rope. The man was immediately freed and sent off in peace.

 

Cruzeiro de Barcelos

 

Alguns anos mais tarde, o galego terá voltado a Barcelos para esculpir o Cruzeiro do Senhor do Galo em louvor à Virgem Maria e a São Tiago, monumento que se encontra no Museu Arqueológico de Barcelos.

Este também é representado pelo artesanato minhoto, geralmente de barro, conhecida por galo de Barcelos e é um símbolo de Portugal e foi adotado por Gil Vicente como sua mascote.

Some years later, the Galician returned to Barcelos to sculpt the Calvary (or Crucifix) to the Lord of the Rooster (Portuguese, “Cruzeiro do Senhor do Galo”) in praise to the Virgin Mary and to Saint James. The monument is located in the Archeological Museum of Barcelos.

 

Fazendo parte das tradições populares portuguesas, a Oficina da Formiga manufactura diversas peças em faiança com o galo como tema principal.

As part of the popular Portuguese traditions, OFCeramics make earthenware with the rooster as main theme.

 

Baseado no texto da/ Based on the text of: www.pt.wikipedia.org

Fontes das imagens/ Sources of the pictures: www.dadinhahistorias.blogspot.pt; www.oficinadaformiga.com