A denominação destes recipientes deu origem a diferentes vocábulos, que muitas vezes são usados indistintamente – alguidar, bacia, escudela, malga, palangana, taça e tigela.
Neste conjunto lexical há alguns vocábulos mais arcaizantes, como o castelhanismo palangana ou o termo medieval escudela, e outros de aplicação mais discutível, como o termo malga, que em certas regiões é sinónimo de tigela.
A obra Cerâmica Portuguesa (1931), do estudioso de cerâmica José Queirós (1856-1920), regista também um léxico alargado onde, entre as dezenas de vocábulos, surgem referências a “malgas, cuncas, covilhetes, tigellas, almofias ou almofas (que eram antigamente vasos grandes do feitio de tigellas)” e “Alguidares, bacias de mãos, palanganas (vasos de muita circunferência e pouco pé), tigellas da casa (…)”.
•
The name of these containers gave origin to different words, which are often used interchangeably – bowl, escudela, malga, palangana.
In this lexical set there are some more archaic words, such as Castilianism palangana or the medieval term escudela, and others of more debatable application, such as the “malga” term, which in certain regions is synonymous of bowl.
The book Cerâmica Portuguesa (1931), by the ceramic scholar José Queirós (1856-1920), also registers a wide lexicon where, among the dozens of words, references to “malgas, cuncas, covilhetes, tigellas, cushions (which were formerly large vases of the shape of tigellas) “and” Alguidares, hands basins, palanganas (vases with a wide circumference and small base), home tigellas(…)”.
A designação “alguidar” proveio do árabe “al-giDār”, que significa «escudilha grande». Está registada, em português antigo, a seguinte abonação de 1516: «… sinos de metal de Jaoa, tamanhos como grandes alguidares.»
O alguidar é uma vasilha circular e cónica, feita de argila, cujo bordo é virado. O diâmetro da boca é superior ao da base e que serve para lavar, amassar, etc.
•
The designation “alguidar” came from the Arabic “al-giDār”, which means “large bowl”. It’s registered, in old Portuguese, in the following accreditation from 1516: «… metal bells from Jaoa, sizes like large bowls.»
The bowl is a circular, conical bowl made of clay whose edge is turned out. The top part has a much wider shape than the bottom and it’s used for washing, kneading, etc.
Não havia casa que não dispusesse de um. As suas utilidades eram inúmeras: nele se ‘batia” e amassava a massa do pão-leve, se deixava a massa levedar para fazer as filhoses, lavava-se a loiça do dia-a-dia – um para lavar, outro para enxaguar – e quando nascia uma criança em casa, era num alguidar que lhe davam banho.
Usava-se o alguidar para lavar a roupa e era para o alguidar que, em Dezembro/Janeiro de cada ano, se “migava” o trigo que servia para ensopar o sangue do porco e fazer as morcelas, para o alguidar se cortavam as carnes durante a desmancha e se deixavam as chouriças em vinha d’alhos, etc.
E até se faz um Licor de Alguidar em Aveiro…
•
There was one in every home. Its uses were innumerable: in it the ‘dough’ was beaten, kneaded and fermented, a traditional sweet was left to rise, everyday dishes were washed in the alguidar – one to wash, another to rinse – and when a child was born at home, they would be bathed in the alguidar.
The alguidar was used to wash clothes, and in December / January of each year, wheat was “crumbled” to soak the pig’s blood and make black pudding, to the alguidar the meat was cut and stayed in garlic and wine to make sausages. It’s even is used to make “Alguidar’s liquor” in Aveiro.
E quando por um descuido algum se partia, não se deitava fora, lá vinha o “amola tesouras ou conserta guarda-chuvas ou conserta alguidares”, que com uma técnica própria colocava uns “gatos” (um espécie de ganchos de arame/agrafos) que permitiam vedá-lo e dar-lhe mais uns tempos de “vida”.
•
And when, by carelessness, some broke, it wasn’t thrown away, there came the “sharpens scissors or repairs umbrellas or repairs bowls” man, which with his own technique put some “cats” (a kind of wire hooks / staples) that allowed to seal it and give it some more “life” times.
Os diversos tamanhos de alguidares da Oficina da Formiga são conformados à roda na Olaria de Rui Silva, na Aldeia da Bajouca. As decorações são feitas pintando os desenhos tradicionais na peça e posterior vidragem e a 2ª cozedura a 1030ºC, dando origem a uma peça que marca pela sua diferença, mas também pela sua tradição, trazendo à memória gestos, cheiros e sabores do passado.
•
The different sizes of “alguidares” from OFceramics are shaped on the potter’s wheel at Olaria de Rui Silva, in Aldeia da Bajouca. All the decors are done by painting the traditional patterns on the piece and later glazing and the second burning at 1030ºC, creating a piece that stands out for its difference, but also for its tradition, bringing to mind gestures, smells and flavors from the past.
Fontes do texto/ Sources of the text: http://mfls.blogs.sapo.pt/103727.html
Fontes das imagens/ Sources of the pictures: Oficina da Formiga e Valter Marques
Lindo!
Bom dia Meri, muito obrigada, beijinhos dos formigas e Bom Natal :-)